Viena, 24 de novembro de 2017
O dia de hoje seria dedicado prioritariamente ao Palácio de Schonbrunn. Acordamos cedo, tomamos o café no hotel e caminhamos pela Schonbrunner Strasse até a estação Pilgramgasse, onde pegamos a linha verde do metrô (linha 4), que leva exatamente ao palácio, sentido Hütteldorf. É só descer depois de 4 paradas, saltando na estação Schönbrunn, e caminhar cerca de trezentos metros até a entrada frontal do palácio.

Estava acontecendo uma feirinha de Natal, como em todos os demais lugares de muito movimento por onde passamos. Acessamos o palácio, entramos na fila para apresentar os nossos Vienna Pass e logo pegamos nossos audioguides (sem opção em Português). Sobe-se uma escadaria e começa-se o tour pelo palácio. Pode-se optar por um tour mais longo e mais completo (Grand Tour, leva a 40 salas, com duração de 1 hora), ou um pouco mais breve (Imperial Tour, que percorre 22 salas em 40 minutos). Como estávamos muito interessados no palácio e por conta, escolhemos o tour mais longo (também incluso no nosso passe).
A corte vienense transferia-se para o Palácio de Schönbrunn durante o verão, passando a temporada nesse que é um palácio mais afastado do centro da cidade.

Hoje, totalmente dentro do perímetro urbano, conta com grandes hectares de jardins, contendo inclusive um zoológico com muitas espécies. Não visitamos o zoo devido ao mau tempo, mas nele habitam ursos-panda, coisa que deve por si só valer a pena.

Pelo fato de a corte passar quase metade do ano nos domínios de Schönbrunn, há registros de muita vida ali dentro. Está composto o gabinete onde o imperador Franz Joseph concedia audiências. Nesse ponto, o audioguide apresenta uma gravação original com a voz do imperador, com as palavras com que ele dava por encerrada cada audiência, dizendo sempre ao visitante que tinha “sido um prazer recebê-lo”.

Como no Hofburgo, a escrivaninha de Franz está repleta de fotografias da mulher Sissi, de seus filhos e netos. Os sofás e paredes são estofados em marrom, assim como o quarto de dormir do imperador. Foi nesse quarto em que ele faleceu, em 21 de novembro de 1916. Ao lado da cama, um oratório. Na parede à direita, mais uma imagem da esposa e um retrato de toda a família. O corredor seguinte liga aos aposentos de Sissi, que contava com uma escada em caracol que lhe permitia evitar as visitas acessando o pavimento inferior do palácio.

A imperatriz é elemento constante também no Schönbrunn: no seu quarto de vestir, estão a balança com que se pesava, penteadeira, louça para higiene pessoal, e um manequim de costas, de vestido e anáguas, com o enorme cabelo solto até os tornozelos, para que o visitante tenha a real impressão de que ela está ali.

O aposento seguinte, forrado em papel de parede azul-marinho com flores/arabescos brancas, contem duas camas de solteiro emendadas uma na outra. São os leitos que o casal usava quando dormia junto – oportunidades que tornaram-se muito pouco frequentes quando a imperatriz passou a adotar o estilo de vida errante e viajante que assumiu poucos anos depois de casada. Ao lado de uma das camas, há uma mesa posta, como se para servir o café da manhã.

As salas seguintes serviam ao convívio íntimo da família imperial, como a sala de jantar, que está com a mesa posta conforme a etiqueta e o protocolo. Segundo o audioguide, havendo visitantes presentes, o menu seria de culinária francesa. Estando somente a família, o imperador preferia a cozinha típica vienense, sendo o schnitzel um de seus pratos preferidos. Algumas passagens depois, chega-se ao salão utilizado em aniversários, bem como o grande e famoso salão de baile, onde Mozart, ainda criança, apresentou um número musical para a imperatriz Maria Teresa.

E por falar nessa grande imperatriz, a sua cama de casal também está exposta em uma sala com iluminação especial, mais escura, que deva ser útil à conservação do tecido e do cômodo como um todo.

Finalizado o tour, passamos pela lojinha (basicamente igual à do Hofburgo) e saímos para o jardim. O tempo estava chuvoso, por isso nos limitamos a caminhar até a primeira fonte, sem subirmos para a Gloriette, aquela espécie de pavilhão que Maria Teresa mandou construir para eventos no exterior do palácio. A propósito, a Gloriette estava praticamente encoberta pelo fog. Aproveitamos para almoçar na feirinha de Natal. Comemos batatas recheadas, bem quentinhas para segurar a friagem.

Voltamos para o centro da cidade e pegamos a linha 2 do metrô e saltamos na estação Schottentor. Foi preciso caminhar cerca de meio quilômetro, passando pela fachada da Universidade de Viena, até chegarmos ao Sigmund Freud Museum.

Trata-se do apartamento que Sigmund Freud usou como moradia e também como consultório, hoje transformado em museu a partir de doações de objetos pessoais do pai da psicanálise, promovida por sua filha Anna. A experiência da visita é muito instigante, pois, como dito, o museu funciona mesmo em um apartamento, que fica num prédio de apartamentos. Portanto, é necessário chegar à portaria do edifício, abrir a maçaneta, adentrar o hall, subir um lance de escada e então tocar a campainha como se estivéssemos chegando para uma consulta com Freud. Um recepcionista faz as honras e oferece a chapelaria. Pegamos também nossos audioguides.
A sala de espera do consultório de Freud contém mobiliário bastante farto, sendo o cômodo mais completo de se ver.
Os demais apresentam objetos de uso pessoal e profissional do Dr. Freud, tais como uma cadeira de leitura de design inusitado. Muito de sua mobília se perdeu, uma vez que a família teve que deixar a Áustria fugindo dos nazistas, abrigando-se na Inglaterra. Mas o museu é uma bem-sucedida tentativa de se manter viva e palpável a memória desse gênio, sendo parada obrigatória aos seus fãs e demais interessados.

Rumamos novamente para o cais Francisco José, onde pegamos embaixo do restaurante Motto Am Fluss um barco para passeio por um canal do rio Danúbio, atração também inclusa nos nossos Vienna Pass.
O passeio pelo Danúbio dura cerca de uma hora e quinze minutos, e é ótima alternativa para dar um descanso para as pernas. O barco possui serviço de restaurante, sendo possível fazer ali uma refeição completa ou ao menos beber e petiscar.

Após desembarcar, pegamos o metrô até a rua Mariahilfe, importante referência em se tratando de comércio e boutiques em Viena. De volta ao centro histórico, jantamos no restaurante italiano L’Osteria, de ambiente muito bonito, moderno e agradável, e jantamos cada um pratos de macarronada maravilhosa (acho que cada prato vinha servido com meio quilo de macarrão à bolonhesa, de tão farto, e até o copo de suco era maior do que o esperado!). Em um dado momento, notamos que a música tocada ali era da banda Franz Ferdinand… nada mais apropriado (embora a banda não seja austríaca)!

Por Letícia com texto e publicação de Cristiano, do casal de mineiros de Belo Horizonte, que acredita que viajar é um jeito divertido de conhecer outras culturas, com muita fotografia, mapas riscados, planos feitos, além de vários contos e diários conquistados e compartilhados.
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